UM CASO REAL: ADOLESCENTES NAS REDES SOCIAIS
- Arlete Figueiredo de Aguiar Muoio
- há 4 dias
- 2 min de leitura

Dando continuidade ao tema dos cuidados com crianças e adolescentes nas Redes Sociais, gostaria de compartilhar um caso que aconteceu há algum tempo.
Uma mãe me procurou extremamente preocupada com sua filha de 11 anos, que havia começado a conversar com alguém pela Internet. Sempre que ela se aproximava, a menina desligava imediatamente o chat da rede social. Além disso, passou a observar que sua filha estava mais silenciosa e arredia, e que, ao voltar da escola, ia direto para o computador demonstrando muito ansiedade.
Naquela época, a mãe não havia dado um celular à filha, mas a menina tinha um computador em seu quarto. Sempre que podia, a mãe tentava se aproximar e entender o que estava acontecendo. No entanto, percebeu que a filha havia trocado as senhas da rede social, impossibilitando-a de acessar suas conversas.
Angustiada, a mãe me perguntou se seria possível acessar o computador da filha enquanto ela estivesse na escola. Respondi que sim, e combinamos uma data para realizarmos essa investigação. No dia marcado, a mãe solicitou um dia de folga no trabalho, alegando um problema grave com a filha.
Cheguei no horário combinado e, utilizando ferramentas de perícia digital, consegui capturar as senhas da menina e acessar suas conversas. O que encontramos foi alarmante: a garota estava se comunicando com um suposto "menino" que, pela forma como escrevia, deixava claro ser um adulto manipulador. A conversa isolava a criança de sua família e a orientava a manter segredo sobre a interação.
A situação se agravava ainda mais quando analisamos as imagens trocadas. O criminoso incentivava a menina a tirar a roupa diante da câmera, dizendo que isso era algo "normal entre amigos". Ele também enviava fotos de outras meninas seminuas para convencê-la de que todas faziam o mesmo. Ficou evidente que se tratava de um adulto se passando por um garoto da mesma idade, com a intenção de aliciá-la.
Diante disso, imediatamente coletei as evidências e fiz a denúncia à polícia. A partir desse material, as autoridades iniciaram o monitoramento das conversas e conseguiram localizar o criminoso pelo IP de origem das mensagens.
Esse caso fez parte da Operação Tapete Persa, deflagrada em 2010, que resultou na prisão de 20 suspeitos de abuso sexual e pedofilia na Internet. A operação ocorreu simultaneamente em 54 cidades de nove estados brasileiros. Entre os presos, estavam pelo menos duas pessoas com mais de 60 anos, um coronel da Polícia Militar e um menor de 18 anos.
Esse episódio reforça a importância da supervisão parental no uso da Internet por crianças e adolescentes. É essencial que pais e responsáveis estejam atentos aos sinais de mudança de comportamento e mantenham um diálogo aberto para garantir a segurança dos jovens no ambiente digital.
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